Afeto, memória e a alma dos adornos

Abstract

Em contextos marcados pela velocidade do consumo, os objetos de moda tendem a ser compreendidos como elementos descartáveis. No entanto, roupas e adornos mantêm vínculos estreitos com experiências pessoais, com a construção de identidades e com processos de lembrança e pertencimento. Este estudo parte da compreensão de que os adornos, ao acompanharem o corpo em seus percursos cotidianos, acumulam significados simbólicos e afetivos. A investigação se concentra na análise das relações entre afeto, memória e a chamada “alma dos adornos” — conceito que descreve a dimensão simbólica que certos objetos adquirem ao serem atravessados por vínculos emocionais e histórias vividas. Com o objetivo de compreender como essas camadas subjetivas influenciam práticas de uso, guarda e ressignificação de acessórios, o estudo combina revisão teórica, análise narrativa, relatos de experiência e práticas de design, que se justifica pela necessidade de abordagens mais sensíveis, responsáveis e que considerem os afetos como elementos constitutivos da relação com os objetos no campo da moda. Os resultados indicam que a ressignificação fortalece vínculos afetivos com os adornos e promove a preservação e resistência ao descarte. Ao integrar teoria e prática, a pesquisa propõe uma leitura do design que valoriza os adornos não apenas como formas decorativas, mas como portadores de histórias que permanecem no tempo.