Visíveis e invisíveis : barreiras que atravessam o caminho das mulheres em situação de violência patriarcal ao acessarem o Centro Especializado de Atendimento às Mulheres de Planaltina-DF

Abstract

Este estudo foca no Centro Especializado de Atendimento às Mulheres de Planaltina-DF, um dos equipamentos considerados essenciais na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, o CEAM. Desde sua inauguração em 2014, apesar de Planaltina ser a segunda cidade com maior índice de violência no Distrito Federal, o CEAM local registra baixo acesso ao serviço. Essa aparente incoerência sugere contradições entre a existência dos serviços especializados de enfrentamento a violência patriarcal contra às mulheres e o acesso efetivo a eles. Assim, o objetivo principal desta pesquisa foi explorar os problemas de acesso ao CEAM de Planaltina-DF, considerando as experiencias das mulheres que, após denunciarem situações de violência nas delegacias locais (16ª e 31ª), foram encaminhadas ao serviço. A pesquisa busca entender as complexidades e contradições da execução dessa política de enfrentamento à violência em uma sociedade caracterizada por estruturas patriarcais, racistas e capitalistas. A metodologia adotada é de natureza qualitativa, com elementos quantitativos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com oito mulheres que registraram boletins de ocorrência de violência patriarcal nas delegacias de Planaltina e foram encaminhadas ao CEAM local. A pesquisa também inclui revisão bibliográfica para contextualizar os dados encontrados. Ao escutar as vivências dessas mulheres, tanto das que chegaram ao serviço, quanto das que não conseguiram acessá-lo, a pesquisa revelou barreiras institucionais e sociais que dificultam o acesso ao acompanhamento oferecido pelo CEAM de Planaltina-DF. Os resultados da pesquisa, organizados a partir das categorias de barreiras invisíveis e visíveis, oferecem uma análise abrangente e consubstancial sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para acessar o CEAM. Essa organização reflete como as barreiras estruturais se entrelaçam com experiências individuais e institucionais, revelando tanto a profundidade das opressões quanto os desafios na execução das políticas públicas.