O lugar do livro na produção, distribuição e uso do conhecimento científico nas ciências sociais e humanas

Abstract

A comunicação científica nas Ciências Sociais e Humanas (CS&H) tem historicamente se estruturado em torno de publicações monográficas, especialmente livros. Contudo, transformações recentes, impulsionadas pela digitalização, pelo movimento da Ciência Aberta e pela evolução das práticas acadêmicas, têm desafiado o papel tradicional do livro como principal canal de disseminação do conhecimento. Este estudo busca compreender e analisar as recomendações, práticas e percepções relacionadas à produção, distribuição e uso de livros no processo de comunicação científica nas disciplinas representantes das CS&H, a Sociologia e o Direito. Adota uma abordagem qualitativa, de perspectiva construtivista social e com propósito descritivo, e fundamenta-se em conceitos extraídos da literatura e em teorias substantivas. Utiliza técnicas como Revisão Sistematizada da Literatura (RSL), entrevistas semiestruturadas e análise de dados com o auxílio dos softwares StArt e Iramuteq. A amostra é composta por pesquisadores com bolsa produtividade CNPq, das áreas de Sociologia e Direito, vinculados a universidades federais brasileiras. Os dados são analisados por meio da Teoria Fundamentada em Dados, que permite a identificação de categorias e relações teóricas que sustentam os resultados. Os achados revelam que o livro permanece como canal essencial de comunicação científica nas CS&H, com particular centralidade no Direito, enquanto na Sociologia observa-se uma maior diversificação dos canais, incluindo artigos científicos. As teorias emergentes também destacam o impacto de questões socioculturais, institucionais e de financiamento no comportamento dos pesquisadores em relação à escolha e ao uso dos canais de comunicação. Como principal contribuição, o estudo propõe um modelo genérico de comunicação científica para as CS&H, considerando as especificidades das áreas e as demandas contemporâneas por maior acessibilidade e democratização da ciência. Além disso, são apresentadas diretrizes práticas para aperfeiçoar os processos de produção e disseminação de livros nas áreas, reforçando a importância de editoras e bibliotecas universitárias nesse contexto. As conclusões apontam para a necessidade de um equilíbrio entre inovação e preservação de tradições na comunicação científica, promovendo um ecossistema acadêmico mais inclusivo, eficiente e conectado às realidades regionais e globais.