Os sentidos de uma nova formação : análise do empreendedorismo nos currículos paulista e paraense para o Novo Ensino Médio

Abstract

O presente trabalho busca investigar a caracterização da temática empreendedora no início da vigência de sua obrigatoriedade, que vem à tona com a instituição de fato do novo Ensino Médio, a partir de 2022. De forma comparativa, são analisados os primeiros currículos produzidos por dois estados selecionados de modo a compor uma amostra potencialmente composta por convergências e divergências entre os seus elementos. Assim, foram selecionados os currículos disponibilizados para São Paulo e pelo Pará para o ano de 2022 e voltados a contemplar, pela primeira vez, a reforma da última etapa da educação básica. Por meio de uma análise documental, buscou-se evidenciar continuidades e descontinuidades no que tange à contemplação da temática empreendedora pelos estados. A investigação dos materiais revelou um núcleo comum de compreensão do empreendedorismo, definido pela preocupação com o mundo do trabalho e, sobretudo, com a dimensão subjetiva dos jovens, com foco no desenvolvimento de competências de autorregulação comportamental e emocional dos educandos bem como de habilidades de planejamento individual. Por outro lado, foram observadas também algumas diferenças significativas na amostra, indicando combinações pedagógicas, filosóficas e argumentativas distintas no que tange à sustentação da temática empreendedora como objeto da formação dos jovens. O currículo do estado de São Paulo, assim, demonstra vincular o empreendedorismo a inserção dos estudantes em um mundo do trabalho novo, marcado pela presença da tecnologia e principalmente pela flexibilização dos vínculos e funções no trabalho. Por sua vez, o documento paraense se centra mais na conquista de objetivos e projetos de natureza diversa, sendo estes voltados a mitigação de problemáticas coletivas e, sobretudo, projetos pessoais. Tais dados indicam a pertinência da consideração do empreendedor como modelo atrelado ao avanço do neoliberalismo, atrelado, ainda, a ampliação de uma ética da autenticidade.